Enfrentar todos nossos momentos com realismo. Essa é a saída?
LUIZ FLÁVIO GOMES
Um dos equívocos dos adeptos do pensamento positivisma inveterado consiste em dividir o mundo entre os que pensam positivamente o os que são pessimistas depressivos. Ou você seria um otimista ou um pessimista. Não consideram que pode existir (e existe) uma terceira categoria: os realistas.
Enfrentar os problemas, os insucessos e os fracassos com realismo é a postura mais adequada que podemos seguir. Ora com um pouco de pessimismo, ora com um pouco de otimismo. Mas nunca perdendo o contato com a realidade, com a razoabilidade.
Quando todas as coisas caminham num determinado sentido, parece muito natural que as pessoas não consigam ouvir ninguém que pense em sentido contrário, que faça prognósticos não tão otiministas. Na crise financeira e econômica de 2008 alguns economistas chegaram a prever uma crise generalizada, mas ninguém quis saber de ouvir quem se apresentava contra a corrente. Normalmente não damos ouvidos para os chamados “estraga festas”. Mas às vezes a razão está com eles.
Grandes estrelas do cinema, da televisão, setores da mídia e até Igrejas, agora, fazem uso (e abuso) da doutrina do pensamento positivo. “Deus premia com riqueza quem pensa positivamente”, “você pode conseguir o que você quiser, desde que visualize isso antecipadamente”, “Deus quer que você seja rico” etc.: sem uma boa dose de realismo, inclusive nos nossos momentos de infortúnios, nós podemos (a) deixar de fazer o que deve ser feito, (b) não perceber que estamos sendo manobrados ideologicamente e, além de tudo, (c) estar criando para nossas vidas uma sobrecarga terrível decorrente da necessidade de sermos otimistas, de estarmos rindo o tempo todo, apesar de só nos restar poucas horas de vida.
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